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ACORDAR, LIGAR A TV, ESPIAR

Especialistas, jornalistas, espectadores e ex-confinados falam sobre o fenômeno dos realities shows no Brasil 

— Agora chega, Theodora! Televisão daqui em diante é só uma hora por dia e nada de realities shows!

— Todo mundo assiste, mãe. Qual é o problema?

— Você sai da TV e vai para o streaming pra continuar vendo o que acontece nesse BBB. Depois fica comentando na internet... Você passou de todos os limites! 

Em abril de 2018, a paulistana Theodora Di Marco se deparou com uma decisão rigorosa de sua mãe. Com apenas 13 anos, ela estava completamente viciada em realities shows. Mesmo com o Ministério da Justiça classificando as atrações do gênero como impróprias para menores de 14, Theodora não conseguia resistir ao fanatismo pelos confinados, principalmente os do Big Brother Brasil (BBB), cuja franquia holandesa é organizada e exibida em nosso país pela TV Globo.

Hoje, com 19, confessa que a reprimenda da mãe naquela época só deu certo por um tempo. Meses depois, voltou a acompanhar os realities, e bem mais que uma hora por dia.

 

"Eu tenho consciência de que é um vício. E o pior é que eu gosto de realities de outras emissoras e de diferentes estilos. Nunca perdi um. Claro que o BBB eu acompanho mais – conheço todos os campeões, edição por edição, mas a verdade é que se começo assistir a um reality, mesmo que seja de gastronomia, logo quero ver a sequência dia a dia", admite, com um sorriso maroto no rosto.

Na época do vestibular, a mãe de Theodora voltou a impor restrições. "Minhas notas caíram e ela ficou furiosa. Eu precisava estudar Química, porque estava bem mal na disciplina, mas ficava vendo BBB."

O vício começou antes de a garota completar 12 anos. Em 2016, ela acompanhou o Big Brother diariamente e lembra que se emocionou ao ver Munik Nunes ser campeã: "Eu chorei na final. Ela mereceu muito, porque ainda era super jovem. Tinha apenas 19 anos. Achei incrível uma desconhecida, sendo tão nova, ganhar milhões". 

Na época Theodora sonhava em participar do programa. "Falei pra mim mesma: 'é isso que eu quero'". 

Estudando atualmente a graduação de Publicidade e Propaganda, área profissional que se relaciona muito com os realities, por intermédio de parcerias e promoções envolvendo marcas de diferentes produtos e serviços, Theodora parece manter (ainda que seja no seu subconsciente) a vontade de um dia participar de um programa desse tipo: "Nunca tentei, mas tenho certeza de que, caso desse certo, eu iria até a final".​

 

Ela garante não ter sofrido impactos negativos com o vício. A seu ver, os realities devem ser encarados como algo ‘cultural’ e não envolvem só banalidades.

 

A experiência de Theodora não é um caso isolado. Um levantamento de 2022 feito pela startup MindMiners, que realiza pesquisas e estudos baseados em comportamento do público, mostrou que 90% dos brasileiros têm conhecimento sobre o que ocorre nos realities shows, 89% já assistiram a pelo menos um reality, em canais abertos ou fechados, e 56% acompanham um reality pelo menos três vezes por semana.

Os programas baseados na vida real e no cotidiano das pessoas chegaram à televisão em termos mundiais nos anos 70, como essa reportagem mostrará mais adiante. O primeiro "Big Brother" foi lançado na Holanda, em 1999, e, desde então, o modelo já foi reproduzido em mais de 70 países, ultrapassando 500 edições. A repercussão junto ao público é grande em todo o planeta, mas por aqui parece ser maior. 

"O sucesso do reality no Brasil é um 'case' a ser estudado. Mais pessoas veem o programa aqui do que em qualquer outro lugar do mundo. Os números mostram isso", explica a jornalista Nina Lemos, em sua coluna de 16 de janeiro de 2024 no DW Brasil, versão brasileira do portal alemão Deutsche Welle.

Ela aponta uma diferença "gigantesca" entre a audiência do Big Brother no Brasil e suas versões em outros países. "A título de comparação: a estreia do BBB 24 foi vista por 39,1 milhões de pessoas no Brasil. Nos Estados Unidos, a estreia do BB 25, exibido ano passado, atingiu (apenas) 3,4 milhões de telespectadores. No Brasil, 51 milhões de pessoas assistiram à final do BBB 21, o programa com maior audiência no país dos últimos anos. Enquanto isso, nos EUA, o recorde, registrado no BB1, foi de ‘apenas’ nove milhões. Na Alemanha, um 'sucesso' de audiência foi comemorado na estreia do Promi Big Brother (Big Brother celebridades), quando mais de 1,7 milhão de pessoas assistiram à abertura do reality. Em geral, a média de audiência do programa fica abaixo de 1 milhão."

Em 2021, cerca de 40 milhões de brasileiros assistiram ao BBB todos os dias, o equivalente a quase um quinto da população do país. A pandemia da Covid-19 fez com que as pessoas acompanhassem ainda mais o programa. Talvez por se sentirem confinadas assim como os participantes do BBB, por terem que se isolar em casa como parte das medidas preventivas para evitar o contágio pelo coronavírus.

"Às vezes é meio fútil sim, mas faz parte da cultura do nosso povo e promove uma reflexão social. Muita coisa que acontece lá faz

a gente pensar."

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Theodora Di Marco

Estudante

Gil do Vigor - BBB 24 

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O PORQUÊ DO VÍCIO

Especialistas de diferentes campos de pesquisa apontam algumas explicações para o vício em realities shows. No caso do Brasil em especial, um dos motivos estaria ligado ao longo vínculo da população com as narrativas contínuas e envolventes das novelas diárias, que fazem os telespectadores ficarem ansiosos por ver o próximo capítulo, para saberem como os fatos irão se desenrolar. 

No livro "Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia", publicado em 1987, o filósofo e antropólogo Jesús Martín-Barbero, nascido na Espanha, mas radicado na Colômbia, e que se especializou nos estudos de telenovela na América Latina, mostra o forte vínculo das populações dos países da região com esse tipo de trama ficcional diária. Segundo Martín-Barbero, as telenovelas são um novo momento na integração sentimental da América Latina, reafirmando e construindo valores e sentidos latino-americanos.

Mas, para além do vínculo com o gênero telenovela, os realities possuem o diferencial de mostrarem pessoas reais vivendo diferentes situações.

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O sucesso dos realities shows no Brasil também pode ser explicado pelo forte impacto da TV aberta no país. Programas como o Big Brother Brasil ao serem transmitidos pela TV Globo, maior emissora brasileira, geram um alcance massivo, e isso cria uma experiência coletiva única, com grande parte da população consumindo o mesmo conteúdo ao mesmo tempo, fomentando o sentimento de pertencimento.

"A Globo, que é uma emissora com um alcance, uma penetração e uma audiência que não se veem em nenhum outro lugar do mundo, colocou esse programa no horário nobre. Isso causa um impacto ainda mais radical”, destaca a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Joana de Almeida Meniconi, que realizou um estudo de dois anos sobre o BBB em sua dissertação de mestrado, defendida em 2005. A pesquisa é intitulada “De olho no Big Brother Brasil: a performance mediada pela TV".

Em seu mestrado, Joana também investigou como a Globo mexeu na edição do reality, mudando diferentes aspectos para beneficiar a narrativa que mais lhe traria audiência, o que também ajuda a entender como uma emissora pode atuar para aumentar o vício nesse tipo de programa. "Tem um momento lá da minha análise que eu pego uma troca de sequência em que a Globo deu uma invertida na edição, na ordem das imagens. Eu consegui perceber isso pelo cabelo molhado da Sabrina Sato [participou do BBB3]. A cena vai sendo desconstruída, e tem uma hora que o cabelo está mais seco e outro momento que o cabelo está mais molhado. Aí eu vi que eles inverteram a ordem das cenas e, ao fazerem isso, construíram ali um discurso favorável a eles."

A pesquisadora Marília Pereira Bueno Millan, doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), também dedicou parte de seus estudos à análise dos realities shows. No artigo "Reality shows: uma abordagem psicossocial", publicado em 2006, na revista científica "Psicologia: Ciência e Profissão", ela explica como os fãs são impactados pelos realities. "O espectador é iludido ao acreditar que está vendo a realidade, o que lhe confere uma sensação prazerosa. Porém, na verdade, o que se vê é o resultado do desenvolvimento de estratégias de técnicas televisivas que visam mimetizar o real, produzindo um programa repleto de ambiguidades que mais se aproximam dos mitos e da novela-documentário."

É sempre preciso lembrar, como pontuou anteriormente a comunicóloga Joana Meniconi, que antes de o programa ser exibido ele é editado e que, portanto, nem tudo o que de fato acontece dentro do confinamento acaba chegando ao conhecimento dos espectadores e tampouco a versão exibida é a pura e simples realidade. Além disso, os próprios participantes manipulam suas imagens dentro do programa. Em sua dissertação de mestrado, Joana analisou essa questão.

 

 

 

O psicólogo social Marcelo Santos menciona o avanço das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) como um elemento que contribui cada dia mais com o vício em realities shows. "Nós vivemos o momento do espetáculo, a vida virou um grande reality show e isso é provocado não só pelos realities em si, mas pelos avanços tecnológicos. Com as tecnologias ligadas à internet e às redes sociais, o privado virou público e o público é exposto ainda mais. Com a repercussão nas redes, o tempo inteiro você está consumindo esse produto, que é o reality show, e isso pode gerar um certo fanatismo, uma idolatria."

Para o professor Paulo Niccoli Ramirez, que é doutor em Ciências Sociais pela USP e a pedido do blog Entretê, do portal Terra, analisou o impacto do BBB no público brasileiro, a maneira como a mídia apresenta um discurso contra ou a favor de um participante do reality impacta o envolvimento dos fãs com o programa. Ele cita o conceito de pulsão escópica, abordado pelo psicanalista austríaco Sigmund Freud e nomeado pelo psicanalista francês Jacques Lacan, para explicar a fascinação do público por esse tipo de programa. A pulsão escópica fala sobre a relação do olhar como fonte de libido e prazer, indo além de sua fonte de visão. E isso pode ser relacionado ao voyeurismo, o fanatismo em observar a atividade de outras pessoas, como acontece com a audiência dos realities shows.

"Freud discutiu bastante a questão do voyeur, que seria basicamente a ideia de você ter a oportunidade de ver alguém na intimidade. Claro que isso atrai um certo desejo não só de ver a privacidade da pessoa, mas elementos em torno de como ela é na vida privada. E uma das características do voyeur ocorre quando o indivíduo vê o outro sem perceber que o outro o vê. Esse é o ponto central. Então, é um desejo, o desejo do olhar. Não à toa, Freud, quando fazia suas consultas, jamais olhava nos olhos dos seus pacientes", acrescenta Ramirez.

Mas Ramirez destaca que a atração pelos realities shows é um fenômeno também relacionado à contemporaneidade, principalmente por ilustrarem a chamada "era do efêmero", conceito trabalhado pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky. "Esses programas acentuam a noção de competitividade e a ideia de que o melhor deve vencer, de que o que importa é o 'eu' acima de qualquer outro interesse. Então, é um tipo de programa extremamente hedonista e o individualismo e o hedonismo são marcas da contemporaneidade."

Marília Millan avalia esse pensamento. Ela afirma que "os realities shows são retratos fiéis do mundo em que vivemos, onde a morte do sujeito, a fugacidade das experiências, a desvalorização da história e o culto à imagem são difundidos sem análise crítica ou reflexão".

Outro fator que funciona como estratégia para o envolvimento do público é a interatividade, ou seja, a possibilidade de participação ativa por meio de votações, debates e discussões. Além disso, há a própria chance de participar como uma das estrelas do reality, algo que, embora seja muito difícil de acontecer (já que são raras as pessoas comuns, de fato, escolhidas para serem integrantes do programa), povoa o imaginário de muitos telespectadores, salienta Marcelo Santos. "Todos podem participar e existe aquele imaginário de que qualquer um pode ter a chance de se tornar um confinado e ganhar o valor que está sendo ofertado", diz.

Em realities como A Fazenda e o BBB, os fãs têm papel crucial na história apresentada ao longo do confinamento. Eles são responsáveis não só por definir quais participantes devem continuar ou não na competição, como às vezes escolhem quais devem entrar no programa. 

Outro ponto que cativa os telespectadores dos realities shows é o fator imprevisibilidade. Os participantes têm seu dia a dia impactado por ações totalmente inesperadas que acontecem dentro do confinamento. Isso por si só é um elemento atrativo para a audiência. Além disso, o público tem o poder de mudar a trama. Um caso emblemático a esse respeito ocorreu no BBB 21, quando a cantora Karol Conká foi indicada ao paredão. Todos se mobilizaram para lhe dar a maior taxa de rejeição da história do BBB e mudar completamente a dinâmica entre os brothers.

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​​​​​​​Um estudo realizado em 32016 pela Universidade de Haifa, de Israel, e publicado no Journal of Media Psychology, mostrou que os telespectadores dos realities shows desenvolvem sentimentos pelos participantes e se reconhecem em seus comportamentos dentro do confinamento. Por outro lado, o fator "rejeição" também é admirado pelos fãs de Big Brother Brasil, A Fazenda e outros realities. Os telespectadores sentem prazer em excluir determinados participantes dentro daquela realidade. Na cultura do cancelamento, esses comportamentos ultrapassam até mesmo o "pós-reality", impactando a vida dos competidores e dos fãs, que contribuem com a disseminação de ódio nas redes sociais.

"Quando a exposição acontece e gera um cancelamento, a gente vê um prejuízo grande para a pessoa cancelada. É como se aquele participante fosse um vírus que precisa ser extirpado. Então a gente sabe que a pessoa não só perde dinheiro. Ela perde espaço, confiança e sua própria identidade no processo, porque passa a desconfiar dela mesma, porque o cancelamento é feito virtualmente, com consequências para o real", explica Marcelo Santos.

 

O psicólogo social afirma que vivemos um momento em que o virtual passou a fazer parte da vida das pessoas como real. "Hoje as pessoas não constroem sentido em sua vida apenas vinculando-se a fatos da vida real. Elas também constroem esse sentido a partir do que ocorre no meio virtual. O mundo virtual compõe parte do significado de vida que a pessoa dá para ela. Então o cancelamento é muito nocivo, é muito perigoso", completa.

"Se a gente for pensar, é comum, principalmente na cultura do brasileiro, acompanhar novela. No reality show você substitui o ficcional pelo real. Você tira os personagens de uma novela e enfia dentro de uma casa. E aí fica mais interessante para o público, porque são pessoas como nós vivendo situações reais. Então, há essa necessidade de acompanhar a vida do outro, de saber o que o outro tá fazendo, como ele vai reagir a algo que determinado participante falou. Mas essa coisa de acompanhar uma trama dia a dia já vem de antes."

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Marcelo Santos

Doutor em Psicologia Social pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e

professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

"Investiguei o modo pelo qual os participantes do BBB construíram e performaram personagens de si mesmos, guiando suas ações para as câmeras televisivas e, consequentemente, para um público com o qual não estabeleciam contato direto."

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Joana Meniconi

Comunicadora

ALIENAÇÃO E IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL

 

Em seu livro "A sociedade do Espetáculo" (1997), o filósofo, escritor e cineasta francês Guy Debord, por intermédio de uma perspectiva marxista, fala sobre a sociedade em que vivemos regida pelo capitalismo. Nessa sociedade o poder espetacular das imagens funciona como meio de dominação utilizado pela mídia, o que seria uma condição favorável para a alienação, ou seja, o bloqueio do pensamento crítico e, em contrapartida, algo bastante positivo para a valorização do consumo.

O conceito de Debord é recorrentemente utilizado em análises científicas feitas sobre realities shows como o BBB, assim como foi mencionado anteriormente na fala do pesquisador Marcelo Santos. Na reportagem "Como o BBB se relaciona com a sociedade do espetáculo?", a professora da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC/MG, Cláudia Siqueira, afirma: "o poder especular das imagens se consolida com o crescimento do neoliberalismo, em um contexto no qual tudo tende a se tornar imagens mercantilizadas".

Vale lembrar que a temporada 2021 do BBB obteve mais de 500 milhões de patrocínio em cotas disputadas por marcas de diferentes áreas. O "espetáculo dos realities", nesse sentido, fortalece a imagem dessas marcas e impulsiona suas vendas. 

 

O crítico, jornalista, dramaturgo e roteirista Tom Farias, autor de diversos livros como "Cruz e Sousa: Dante negro do Brasil" e "Carolina: uma biografia", concorda que os realities estão inseridos dentro de uma sociedade imagética formatada e implementada para o consumo.

 

 

Ele considera os realities como "um circo televisivo", um fenômeno que, de fato, cada vez mais se aperfeiçoa e prende a atenção do público. "É como se fosse um vírus que vai se fortalecendo a cada temporada. E cada vez mais você vê esse tipo de programa em diferentes canais. Até porque hoje a rentabilidade é muito grande para quem promove isso. Você compra esse formato e, ao utilizá-lo, de alguma forma você dimensiona, paga todos os seus custos. Então virou uma área de negócio de grande interesse", completa.

O sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard também é frequentemente citado por pesquisadores que criticam os realities shows. No ensaio "Big Brother: telemorfose e criação de poeira", publicado em 2002 na revista da Famecos (Escola de Comunicação, Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC/RS), Baudrillard define o Big Brother como "uma banalidade sintética fabricada em circuito fechado e com painel de controle".

 

O filósofo, conhecido por suas teorias sobre a sociedade contemporânea e os meios de comunicação, oferece uma perspectiva crítica e provocativa sobre a realidade influenciada pela mídia e seus produtos, incluindo os realities shows. Seus conceitos sobre simulacro e hiperrealidade podem ser aplicados a esse tipo de programa.

Para Baudrillard, o simulacro ocorre, não como uma simulação, mas sim uma substituição do real, construindo uma hiperrealidade. "Já não se trata de imitação, nem de dobragem, nem mesmo de paródia. Trata-se de uma substituição dos signos do real, isto é, de uma operação de dissuasão de todo o processo real pelo seu duplo operatório (...). O real nunca mais terá oportunidade de se produzir", diz o sociólogo em sua obra "Simulacro e Simulação" (2003), na página 42. Essa hiperrealidade, ao ver de Baudrillard, parece muitas vezes mais sedutora que a própria realidade, já que é construída com a ajuda de aparatos tecnológicos que mexem com os sentidos humanos. Ela desvaloriza a objetividade e a autenticidade, levando igualmente à alienação e à desorientação. Os realities shows, assim, poderiam ser apontados como simulacros que constituem uma hiperrealidade, uma cópia da realidade que não possui um valor real, mas que são mais sedutores que a própria realidade.

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Mas, para além da alienação, a busca exagerada pela identificação com os participantes dos realities e o vício no programa, a ponto de outras atividades do dia a dia serem deixadas de lado, pode comprometer a saúde mental. É o que garante o psicólogo social Marcelo Santos. "Há a possibilidade sim de prejuízos à mente oriundos da idolatria ou do fanatismo. Esse vício pode levar a uma certa 'entorpecência' social, no sentido de você estar acompanhando a vida de pessoas muitas vezes para não pensar na sua própria vida."

Para ele, os realities podem desencadear mecanismos exagerados de projeção e autoidentificação. "A gente sabe que algumas situações postas dentro do reality podem ser a realidade de muitas pessoas aqui fora. Então, é natural ocorrer a projeção, mas acontece que ali tudo fica mais intenso e o impacto é maior. E aí muitas pessoas acabam vivendo ou revivendo sentimentos nem sempre agradáveis e, de alguma maneira, isso vai afetar sua saúde mental", acrescenta.

 

Santos também ressalta que a exaltação das ideias de ganhar e perder, a partir de competições que ocorrem dentro do reality, podem impactar o público negativamente. "O ganhar e o perder são uma realidade, mas quando a gente vê esse ganhar e perder sendo exacerbados, colocando as pessoas em condições, às vezes, até vexatórias, ou uma exposição excessiva, isso acaba sendo uma degradação do ser humano, no sentido de que o que vale é ganhar, não importa como. Então isso mobiliza muitas questões que a gente poderia estar aqui falando por um bom tempo, do quanto isso pode ser nocivo ao telespectador e o quanto isso pode afetar de alguma maneira o seu bem-estar mental."

"A hiperrealidade, por ele abordada, é uma coisa totalmente contemporânea. O hiperreal ocorre quando as pessoas passam a assumir a irrealidade como sendo o próprio real. Hoje isso acontece nas redes sociais. O que ocorre ali nos realities não existe. Imagine pessoas o tempo todo trancafiadas, com câmeras para todo lado, embora ocultas. O comportamento fica diferente do que de fato é fora dali. Então, o que temos no reality show é uma hiperrealidade que as pessoas tomam como realidade e passam a discutir na vida cotidiana. Isso acaba abarcando a subjetividade das massas no período contemporâneo. É um fenômeno típico da sociedade do consumo."

"O consumo é muito visual, né? O que a gente compra e adquire tem muito a ver com a nossa personalidade, a gente se enxerga naquilo. Tanto é que se você andar por aí vai ver que cada um se veste de uma forma diferente, pra passar determinada imagem. Então, acho que parte desse princípio essa questão do reality show. Faz parte de um

processo de consumo desenfreado."

Tom Farias

Crítico, jornalista,

dramaturgo e roteirista

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Paulo Ramirez

Doutor em Ciência Social pela

Universidade de São Paulo (USP)

PAUTAS SOCIAIS

Mas nem tudo é negativo nos impactos dos realities shows na sociedade. Para o cientista social Paulo Ramirez, algumas pautas importantes, como a luta contra o racismo, o machismo e o negacionismo científico, têm sido recentemente levantadas para o debate em sociedade a partir de situações ocorridas nos realities. Na edição do BBB de 2021, por exemplo, a participante Sarah foi criticada pelo público nas redes sociais por admitir ter furado a quarentena preventiva contra a Covid e minimizar os efeitos do coronavírus, enquanto o participante Rodolffo foi hostilizado (e acabou sendo eliminado do programa) por ter, em um ato racista, brincado com o cabelo afro do participante João Luiz. 

 

"Houve uma mudança, eu diria até que radical, entre os programas iniciais do Big Brother e os que têm sido feitos de um pouco antes da pandemia pra cá". Para o professor, os meios de comunicação e seus programas afetam as dinâmicas políticas e sociais, assim como as dinâmicas políticas e sociais afetam as dinâmicas dos programas. "O entretenimento, ou qualquer forma estética, seja de massas, popular ou erudita, é sempre um reflexo daquilo que, por si só, ocorre na sociedade", explica.

Com o passar dos anos, de acordo com Ramirez, como resposta das demandas que vêm surgindo dos movimentos sociais, "a Globo parece estar tirando do Big Brother esse caráter absolutamente massificante e alienante e caminhando em direção a um caráter de propor maior reflexão, misturando cultura de massa com cultura erudita e cultura popular, criando quase que um pastiche das três culturas. Isso tem atraindo um público novo e tem exposto o público tradicional a esses novos temas", argumenta. Segundo o professor, esse novo caminho "cria uma representatividade e também uma politização das discussões que ocorrem dentro da casa [do BBB], o que se reflete no comportamento da sociedade".

 

Ele destaca que essa mudança pode ser vista até mesmo no perfil de alguns participantes escolhidos para os realities shows. "Muitos são progressistas, de tal forma que eles podem também influenciar positivamente a percepção da sociedade gerando um pensamento mais disruptivo e crítico", completa.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Os realities shows completarão 25 anos de existência no Brasil em 2025. Por mais que possam ser criticados e terem um efeito prejudicial sobre o público, é fato que eles conquistaram a audiência e acabaram por abarcar diferentes áreas, de programas focados em culinária a realities que falam sobre casamento, moda e reformas domésticas. 

A história dos realities shows em nosso país começou em 5 de julho de 2000, quando o programa "20 e Poucos Anos" estreou na MTV. A atração, intitulada com o mesmo nome da música composta por Fábio Jr. (a canção original, de 1979, foi regravada pela banda Raimundos para a abertura do programa), mostrava o dia a dia efervescente de jovens no início da vida adulta. Os personagens, de diferentes classes sociais, dividiam o mesmo apartamento, enfrentando inúmeras desavenças relacionadas ao choque de cultura. Esse programa foi considerado um reality show justamente por acompanhar a rotina dos participantes em seus diferentes estilos de vida.

O sucesso foi tanto que o "20 e poucos anos" contou com três temporadas. Dois anos depois, mais especificamente em 29 de janeiro de 2002, o Big Brother Brasil, reality show com maior audiência no país, estreou na Rede Globo. Nos anos seguintes, outras emissoras da TV aberta e canais da TV fechada desenvolveram uma série de programas no mesmo formato, como Casamento às Cegas, da Netflix; A Casa, da Record; Power Couples Brasil, da Record; De Férias com o Ex, da MTV; e Soltos em Floripa, da Prime Video.

Um dos realities shows de destaque, que mudou até mesmo a dinâmica dos futuros programas, foi o Casa dos Artistas. A atração comandada por Silvio Santos estreou no SBT em 2001, um ano antes do BBB, e trouxe celebridades confinadas em uma casa, sem contato com o mundo exterior. O cantor Supla, a modelo Mari Alexandre, a apresentadora Alessandra Iscatena e os atores Mateus Carrieri, Alexandre Frota e Bárbara Paz estavam dentre os artistas confinados. Bárbara, que teve um romance com Supla dentro da casa, foi a vencedora do reality. 

Neste vídeo disponível no canal da TV Mofo é possível assistir a cenas do último dia do reality:

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Esse formato, inédito na TV brasileira, gerou muita repercussão. Pela primeira vez pessoas famosas eram filmadas 24 horas por dia vivendo situações cotidianas, enfrentando desafios e conflitos. Embora Casa dos Artistas tenha durado apenas quatro temporadas, seu legado é inegável. O reality pavimentou o caminho para o sucesso de outros programas do gênero, como os próprios Big Brother Brasil e A Fazenda, que se tornaram marcantes no cenário televisivo. Casa dos Artistas permanece na memória do público como o show que, por um curto período, fez o impossível: desbancar A Globo na audiência em determinados momentos do programa.

Diferentemente do Big Brother Brasil, que até a sua 20ª edição contou apenas com participantes anônimos, A Fazenda surgiu já confinando celebridades. Atualmente, o reality show da Record é o que mais rivaliza com o da Globo. Desde 2009, o programa segue a fórmula clássica de confinamento de artistas e influenciadores em uma locação isolada, mas com um diferencial importante: os participantes precisam realizar tarefas relacionadas à vida no campo. Trancados em uma fazenda real, as celebridades precisam lidar com compromissos diários como cuidados dos animais, plantação e organização do espaço rural. E o sucesso está justamente na união de tantas funções, somadas aos conflitos, dramas e interatividade. A Record ainda tem uma grande preocupação na escolha dos participantes, separando a dedo nomes que possam entregar entretenimento ao público, muitas vezes figuras explosivas e polêmicas.

O sucesso de A Fazenda fez com que muitos ex-participantes conseguissem destaque além do confinamento, até mesmo na Globo. Viviane Araújo participou da quinta temporada do reality show e consolidou uma carreira artística na emissora concorrente, participando das novelas Império (2014) e O Sétimo Guardião (2018). Nadja Pessoa, que participou de duas edições de A Fazenda, sendo a 10° e a 15°, já ganhou destaque em programas da Globo, como Roda a Roda e Domingão do Faustão. Jojo Todynho, campeã da 12ª temporada, participou de programas de auditório da Globo, como o Encontro com Fátima Bernardes. O reality também colaborou para alavancar a vida de celebridades que já não tinham a carreira em alta, como a cantora Gretchen, em A Fazenda 5. Sua participação no programa rendeu diversos memes nas redes sociais. Jojo Todynho, que se projetou a partir do reality, também teve uma participação marcante, gerando inúmeros memes usados até hoje pelos internautas.

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Em termos mundiais, o primeiro reality show, "An American Family", foi ao ar em 1973, nos Estados Unidos. É o que aponta a pesquisa "Reality Show: Ascendência na Hibridização do Gênero", de Samuel Mateus, doutor em Ciências da Comunicação, da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. O programa consistia em mostrar o dia a dia de um casal da Califórnia e seus cinco filhos ao longo de 12 episódios. O pioneirismo da atração causou impacto no público e proporcionou o surgimento de novos programas do gênero em outros países. 

Um dos realities de maior sucesso no planeta, o Big Brother, surgiu em 1999, na Holanda. O programa foi criado com a proposta de concentrar um grupo de diferentes classes sociais em um único ambiente isolado. Com a nova ambientação, os participantes deveriam se adaptar, criar estratégias, socializar e disputar entre si para ganhar o prêmio final. 

Muita gente acredita que a inspiração para a criação do programa teria vindo do livro "1984", de George Orwell, escritor, jornalista e ensaísta político inglês. Nesse romance, Orwell narra uma história distópica que se passa em Londres, no ano de 1984, na qual um regime totalitário comando por um personagem chamado de Big Brother (Grande Irmão) vigia, por intermédio de telas, constantemente a população. 

Mas em entrevista à revista Veja em 2003 (repercutida pela Super Interessante), John de Mol, um dos criadores da empresa Endemol, responsável pela primeira edição do Big Brother na Holanda, revelou que, na verdade, a ideia do programa surgiu a partir do experimento científico Biosfera 2, projeto realizado em 1991, quando um grupo de oito pesquisadores voluntários dos EUA se fechou em uma espécie de estufa durante dois anos a fim de entender se, algum dia, seria possível humanos viverem em condições parecidas em outros planetas. De acordo com Mol, a única inspiração que veio do livro de Orwell foi o nome "Grande Irmão".

Depois de sua criação, o Big Brother ganhou versões em 63 países, como África do Sul, Alemanha, Argentina, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Itália, Polônia, Portugal, Reino Unido e Rússia. Em todas as versões, os competidores permanecem confinados por vários meses em busca do prêmio final. Os valores variam de acordo com o país, sendo a maior quantia oferecida nos Estados Unidos: US$ 750 mil, aproximadamente R$ 4 milhões.

​TRAJETÓRIA DOS REALITIES NO BRASIL

2015

Are You The One? Brasil - MTV

MasterChef Brasil - Band

2017

A Casa - Record

2020

Soltos em Floripa - Prime Video

Se Sobreviver, Case - Multishow

The Circle Brasil - Netflix

2022

The Masked Singer Brasil - Globo

Túnel do Amor - Multishow

2014

Adotada - MTV

2016

Entubados - Sony

Shark Tank - Sony

De Férias com o Ex Brasil - MTV

Power Couple Brasil - Record​

2019

Top Chef Brasil - Record

Troca de Esposas - Record

2021

The Voice - 2021

Ilha Record - Record

Rio Shore - MTV

Brincando com Fogo: Brasil - Netflix

Casamento às Cegas Brasil - Netflix

2023

A Grande Conquista - Record

Ilhados com a Sogra - Netflix

Casais em Apuros - Record

2000

20 e Poucos Anos - MTV

Território Livre - Band

2002

Big Brother Brasil - Globo

Ilha da Sedução - SBT

2006

Troca de Família - Record

Supernanny - SBT

2012

A Fazenda - Record

A Fazenda de Verão - Record

Mulheres Ricas - Band

2001

Casa dos Artistas - SBT

2004

Sem Saída - Globo

O Aprendiz - Record

2009

A Fazenda - Record

Esquadrão da Moda - SBT

2024

Estrela da Casa - Globo​

BASTIDORES

Os realities shows vão muito além do que é transmitido ao vivo aos telespectadores e internautas. Yuri Esteves, que atuou como produtor de conteúdo do reality A Fazenda, explica que, por trás das câmeras, é necessário lidar com uma série de desafios para entregar um programa intenso e completo aos fãs. "O elenco é prospectado pelo departamento de Casting, que vai pensando em quais pessoas fazem sentido ao programa. E aí são consideradas não só pessoas que tenham talento, mas que representem a diversidade étnica e regional do Brasil e que possuam diferentes profissões. Tudo isso pra garantir um time diverso, que consiga dialogar com diferentes públicos durante todo o programa", esclarece Esteves.

 

Antes, o produtor atuou como assistente de conteúdo de A Grande Conquista, outro reality show da Record. Originalmente criado pela emissora de Edir Macedo, esse reality mostra participantes tentando conquistar espaço desde o início do confinamento, quando são colocados em uma disputa por uma vaga na Mansão. O reality show teve apenas duas edições até o momento, mas deixou a conta bancária de Thiago Servo e Kaio Perroni com R$ 1 milhão a mais, ao ganharem a primeira e segunda edição do programa, respectivamente.

Outros desafios são enfrentados durante a produção de um reality show. Esteves cita a pressão por números bons de audiência durante todos os dias em que o programa é exibido. "É preciso conseguir ter relevância nas diversas mídias, ou seja, em uma plataforma de streaming, nas redes sociais ou mesmo na distribuição de TV linear, e em um momento desafiador, em que a TV aberta luta para se manter relevante", acrescenta.

Sobre os conflitos entre os participantes dos realities shows, ele esclarece que eles são um chamariz importante para a audiência: "A gente entende que é preciso gerar conflitos e criar um arco narrativo. Muitas vezes os participantes vão construindo relacionamentos afetivos e disputas com outros integrantes do reality. Aí o roteiro de pós-produção, juntamente com os produtores de conteúdo e a coordenação de conteúdo, vai levando para a direção-geral essas pequenas historinhas, que geram VTs interessantes para a audiência. Há uma preocupação para que os participantes sejam todos tratados de forma justa, mas que, ao mesmo tempo, a gente conte pequenas histórias cativantes dentro do programa", argumenta. 

A repercussão que uma agressão, um desrespeito ou um preconceito manifestado por um dos participantes vai tendo nas redes sociais, de alguma forma, interfere nas decisões tanto da produção de conteúdo do programa como da direção-geral. "O público vai construindo junto com a edição do programa cada fase do reality show", garante Esteves. 

Ele explica que a parte comercial do programa, muito falada pelos críticos dos realities, é essencial para o sucesso da atração. "A venda de cotas e patrocinadores, as ações que são feitas e provas patrocinadas por marcas. Tudo isso é uma métrica muito importante. A TV é comercial e ela vive muito da publicidade, então esses investimentos são fundamentais", defende. 

O LADO DOS EX-CONFINADOS​

Os realities shows têm um impacto profundo e multifacetado na trajetória de seus participantes, afetando sua vida pessoal e profissional. A fama, o reconhecimento e o crescimento pessoal e financeiro podem ocorrer com a participação em um reality, assim como as críticas, o cancelamento e uma série de outros desafios.

"Se a gente for pensar pelo lado do vencedor, é lógico que todo sacrifício que ele teve ali foi recompensado. Mesmo assim, ele vai ter que lidar com uma situação que até então não conhecia, que é a fama. E isso também vulnerabiliza, porque há pessoas que não estão preparadas. Já no caso daqueles que perdem, além da exposição, há o lado de não ter tido o êxito esperado", explica o psicólogo social Marcelo Santos.

Ele enfatiza como a exposição exagerada pode ser prejudicial ao ex-confinado. "Ela vulnerabiliza muito, porque a pessoa acaba sendo julgada pelos espectadores a partir do que demonstrou lá dentro, toda sua vida é generalizada. Então, ela pode encontrar muita dificuldade de adaptação na sociedade quando sair do reality, a ponto de poder até desenvolver uma síndrome persecutória, ou seja, uma sensação de perseguição", explica.

Além disso, nem todos os ex-participantes de realities conseguem com a fama obtida na atração o bom desempenho financeiro que esperavam. Muitos ex-BBBs hoje encontram-se em situação complicada, como Cida Santos, da 4° edição, que chegou a confirmar que perdeu o prêmio de R$ 500 mil após confiar em sua ex-assessora que alugou uma casa e a colocou como fiadora, e, mais recentemente, o participante Maycon Cosmer, que comparou o contrato da Globo com um sequestro. Em entrevista ao Splash UOL, ele comemorou o fim da parceria com a emissora, enfatizando que foi "blindado" de muitas oportunidades para seguir as regras impostas pela direção, mesmo após o fim de sua participação no BBB 23.​​​​​​​​​

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Cida Santos

BBB 4

Maycon Cosmer

BBB 24

Responsável pelo meme: "Dona Ana Carolina, esse alicate não é esterelizado e a dona Naiá é diabética. Se esta merda inflamar, eu vou arrancar o seu braço! Então, para de brincar com alicate!"

Primeira drag queen da

história do reality show da Globo

Ana Madeira

BBB 9

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Bruno Tálamo

A Fazenda 14 e A Grande Conquista 1

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Dicesar

BBB 18 e A Grande Conquista 1

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Jornalista que ganhou programa na Record após passagens por realities shows

Imagens: Divulgação

Jaqueline Khury

BBB 8

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Primeira "famosa" a entrar no reality show da Globo

Em janeiro de 2016, Ana Paula Renault viu sua vida virar de cabeça para baixo ao integrar o elenco do Big Brother Brasil 16. Como um dos principais nomes desta edição do reality show da Globo, ela viveu dois dos momentos mais marcantes da temporada: o segundo paredão falso da história do programa, quando voltou de uma dinâmica em que foi supostamente eliminada, mas permaneceu em um quarto isolado, escutando e observando a movimentação de todos os brothers, e sua expulsão por agressão, quando deu um tapa no rosto de Renan Oliveira durante uma discussão.

Sua personalidade forte cativou os fãs da casa mais vigiada do Brasil, mas também foi responsável por sua saída repentina da atração. A expulsão da responsável pelo meme "Olha ela", usado inúmeras vezes por Renault durante a competição após retomar do paredão falso, tornou-se um dos assuntos mais comentados na época e isso lhe proporcionou diversos frutos. Um deles foi sua convocação para integrar o reality show A Fazenda 10, da Record, dois anos após deixar o confinamento da Globo.

Ana Paula Renault tornou-se um fenômeno nacional, conquistando espaço como repórter em diversas atrações de diferentes emissoras, como nos programas Vídeo Show, da Globo; Triturando, do SBT; e Fofocalizando, do SBT. A ex-participante do BBB 16 ainda emplacou sucessos em sua carreira artística, participando das produções Haja Coração, Procurando Casseta & Planeta, Os Suburbanos e Dra. Darci.

Ouça o podcast exclusivo que fizemos com Ana Paula Renault para saber mais sobre a história dessa ex-confinada e sobre os efeitos dos realities shows em sua vida.

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Podcast - Ana Paula Renault ‐ Feito com o Clipchamp (2) (online-audio-converter.com)
00:00 / 14:58

Clique abaixo e acesse nosso podcast

exclusivo no Spotify!

TESTE OS SEUS CONHECIMENTOS

O PROJETO

"Acordar, ligar a TV, espiar" é uma reportagem multimídia e transmídia que aborda o fenômeno dos realities shows no Brasil. A matéria também está presente no YouTube e no Spotify.

 

Esse projeto foi criado como Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, no ano de 2024, 2º semestre.​​ O Trabalho de Conclusão de Curso não reflete a opinião da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Seu conteúdo e abordagem são de total responsabilidade de sua autora.​​

 

CRÉDITOS

​Texto

Autora: Júlia Wasko Martins

Orientadora: Profª Dra. Patrícia Paixão

Coordenador do curso: Prof Dr. Hugo de Almeida Harris​

 

Site

Montagem do site: Júlia Wasko Martins

Revisão de design: Júlia Wasko Martins

 

Produtos Audiovisuais

Edição de áudio: Júlia Wasko Martins

Edição de vídeo: Júlia Wasko Martins

Gravação do vídeo: Júlia Wasko Martins

Imagens

Ex-participantes: Divulgação

Entrevistados: Arquivo Pessoal

Artes

Infográficos: Júlia Wasko Martins

*As imagens de algumas das artes são de divulgação dos programas

Gifs

Abertura: Júlia Wasko Martins

Compilado: Reprodução/Record

Câmera e Computador: Divulgação/Canva

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